De início gostaríamos de alertar que este não é um trabalho de dissecação de todo o Rito e da Ritualística Maçônica. O que se pretende é tão somente apresentar uma rapidíssima visão das origens dos ritos e suas definições.
Para entendermos melhor o significado de rito, vamos recuar no passado, até as primitivas sociedades, grupos formados, a princípio, pela necessidade gregária e pelo instinto de sobrevivência.
Já nessas primitivas sociedades o espécime homem, diferentemente de outros animais sempre estava se questionando: Por que aquele disco brilhante no céu sempre é engolido pela escuridão? E por que sempre reaparece depois de determinado prazo? Por que o céu fica zangado e passa a cuspir fogo?
Essas e inúmeras outras interrogações levaram o homem a procurar substitutivos concretos para suas dúvidas e - o mais importante de tudo - procurar elaborar uma forma de defender-se das incessantes agressões, da natureza, de outros animais, e mesmo de seus semelhantes -em suma - de seus temores.
O raciocínio daquele homem poderia ser: se um tigre é um animal feroz, talvez quem se cubra com sua pele possa incorporar essa ferocidade. Mas caçar esses animais era difícil. Então surgiu a genial idéia. Que tal esculpir a imagem do tigre e atribuir a essa imagem os atributos daquele animal? Mais fácil e muito menos perigoso.
Muito embora simplificando ao extremo podemos situar dessa forma o surgimento dos TOTENS , ou seja, a representação de animais considerados protetores de um indivíduo ou de um clã.
Com o tempo os TOTENS foram se diversificando, passando a representar além de animais: plantas, objetos, e até fenômenos naturais como o raio, o trovão e as tempestades.
Todos de um clã passavam a reverenciar determinado TOTEM e isto os tornavam parentes místicos.
Posteriormente passou-se a exigir dos membros mais jovens de um clã determinadas provas, que poderiam ser de destreza ou vigor, para que pudessem assumir seus deveres e direitos na tribo. Excluía-se do clã aqueles que não atendiam a tais requisitos iniciáticos.
Assim, pouco a pouco foram definidas normas e critérios que se consolidaram, tradicionalizando-se, consuetudinariamente tornando-se preceitos e leis. Inicialmente essas normas eram transmitidas de forma oral, guardadas pelos mais velhos da tribo, depois registradas pictoricamente e, finalmente na forma escrita ritualistica.
RITO deriva da palavra latina RITUS , com o significado de uso ou costume aprovado.
AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA considera Rito como o conjunto de regras e cerimônias que se devem observar na prática de uma religião, definindo-o também como um sistema de organização maçônica.
Sua definição para RITUAL é de que se trata de um conjunto de práticas consagradas pelo uso e/ou normas, e que se deve observar de forma invariável em ocasiões determinadas.
Já o enciclopedista HOUAISS tem para RITO praticamente a mesma definição, revelando RITUAL como o livro que enumera as cerimônias e ritos que devem ser observados na prática de uma religião.
O Irm.'. Xico Trolha vê o Rito como um ato cerimonioso, cujo formalismo foi previamente estabelecido tendo em vista uma finalidade iniciática. Em tese, as Potências Maçônicas permitem que suas OOfic.'. trabalhem em qualquer Rito, desde que reconhecido pela Potência, e que não almeje a supremacia sobre os demais Ritos.
Neste tocante, vale a pena recordar o Mestre OCTAVIANO BASTOS , em sua PEQUENA ENCICLOPÉDIA MAÇONICA : "Apesar de diversos, os Ritos têm, todos, pontos fundamentais de contato e de doutrina, em nada alterando o fim essencial da Ordem.
Podemos assim denominar de RITO MAÇONICO o conjunto de procedimentos necessários à prática de cerimônias onde se comunicam os sinais, toques, palavras e instruções secretas de cada Grau, tendo o RITUAL a finalidade compilar as cerimônias aplicáveis a cada Rito.
Dos Ritos, o intemporal é o chamado "Rito de Passagem". Aí a palavra "passagem" tem o significado simbólico de "morrer" para "renascer". Os exemplos, em qualquer cultura são inúmeros: tanto pode ser um jovem índio no Alto Xingu que coloca sua mão em um vaso cheio de formigas sofrendo dolorosas ferroadas, como pode ser um jovem cearense aprovado em um vestibular e que sofre um trote. Seja doloroso ou pacífico - se é que se pode chamar os atuais trotes de pacíficos, eis que já ocasionaram até morte - o certo é que através do Rito de Passagem "morre-se" em um estágio para "renascer " em outro. Aqui mesmo, aos iniciarmo-nos em nossa Sublime Ordem, "morremos" para o mundo profano e "renascemos" para a Luz Maçônica.
E como existem ,e existiram, Ritos!!
Só o Irm .'. Assis Carvalho catalogou mais de 200 ritos ligados á maçonaria, a maior parte extintos.
Houve ritos para todos os gostos : RITO DO CAVALEIRO DA CORTIÇA, DA ROSA MAGNÉTICA, DOS SUBLIMES MESTRES DO ANEL ILUMINADO, DOS ANONIMOS . Aliás, este último foi tão anônimo que nem consta sua data de criação.
Tivemos ritos femininos, como o RITO DAS COMPANHEIRAS DE PENÉLOPE , surgido em Paris por volta de 1737, ou ainda o RITO DAS PRINCESAS COROADAS , de caráter andrógino, que veio à luz na Saxônia em 1770 sob os auspícios do Grande Oriente de França.
É bom notar que esses ritos eram completos, com sinais, toques, palavras de passe, Veneráveis, Vigilantes e tudo o mais.
A título de ilustração apresentamos os diversos Graus do Rito das Princesas Coroadas:
Nunca é demais repetir que essas sociedades gozavam de grande importância e que seus obreiros eram membros influentes da sociedade da época.
Para ilustrar esta assertiva, há referências de que uma figura de proa da sociedade, a Princesa LAMBALLE , em sua Loja denominada " O CONTRATO SOCIAL ", recebeu, entre viscondessas e marquesas, a Madame HELVETIUS , que era, nada mais nada menos, a esposa do Venerável da mais importante Loja Maçônica da França, Loja esta que reunia entre seus obreiros figuras do quilate de VOLTAIRE, LAFAYETTE e BENJAMIN FRANKLIN.
E no Brasil?
Aqui são adotados seis Ritos, a saber:
Este Rito foi o segundo a ser introduzido em nosso País, no início do século XIX, tendo sido reavivado em 1837.
Isto provocou o rompimento de relações do Grande Oriente de França com a Grande Loja Unida da Inglaterra.
Oficialmente tem-se a data de 23 de dezembro de 1944 como de sua criação, através do Decreto nº 500 do Soberano Grão-Mestre LAURO SODRÉ.
Note-se que estes seis Ritos abordados são reconhecidos na sua totalidade apenas pelos Grandes Orientes - o do Brasil e o Independente.
As Grandes Lojas reconhecem apenas os Ritos ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO , de SCHROEDER e de YORK.
O porquê desses critérios demanda estudos outros que poderiam ser aproveitados por um Irm.'. disposto a aprofundar-se no assunto.
O que se deve ter em mente é que todos os Ritos Maçônicos são riquíssimos em simbologia e tradição. E uma das formas mais efetivas de estudá-los é procurar estreitar contatos com outras Lojas que praticam Ritos que não os nossos, visitando-as e convidando seus Obreiros para que nos visitem com o fito conhecer em maior profundidade os Ritos praticados por aquelas Oficinas.
A pesquisa de Ritos, oferece um manancial inesgotável de ensinamentos, e é obrigação do Maçom a investigação constante na busca da Verdade.